martes, 30 de octubre de 2012

Umas eleiçoes de contrastes: as eleiçoes municipais do Brasil

Eu já havia destacado aqui no blog a mudança que alcançou o comportamento do eleitorado brasileiro nestas eleiçoes de 2012. Em uma primeira vista, sim que parece que houve um melhor aproveitamento do voto como parte da funçao cívica dos cidadaos, e nao somente como o mero cumprimento do dever de ir a votar. Pelo menos eu, que estou longe, tenho essa impressao.

Depois do último domingo muito se questionou sobre os resultados obtidos nessas eleiçoes, principalmente no que tange aos contrastes produzidos por este "novo" comportamento dos eleitores. Pois neste post gostaria de apontar algumas das contradiçoes que tivemos nos resultados das urnas, e que nos permitem acreditar que algumas "verdades" que antes tínhamos acabaram por nao se confirmarem.

A primeira delas é sobre a "quase-certa" reeleiçao do atual prefeito. Pois engana-se quem acredita que esta se trata de uma máxima verdade, já que dos que se apresentaram à reeleiçao, 59% perderam para sua oposiçao, inclusive na minha cidade, Curitiba. Se antes podíamos afirmar que a reeleiçao era algo certo, pois hoje eu teria um pouco de dúvidas. Este panorama vale como alerta para os governadores para as próximas eleiçoes.

A segunda contradiçao eu apontaria como a distribuiçao das grandes capitais e cidades entre 11 partidos, e nao uma concentraçao em somente os maiores, como PT, PMDB, PSDB. O PSB conseguiu eleger 5 capitais, sendo que conseguiu também aumentar o número de prefeituras conquistadas em 100 se comparados aos últimos 4 anos. Ninguém pode negar que antes o PSB era considerado uma opçao minoritaria, o que agora poderia motivar um debate sobre esta idéia.

Como terceira contradiçao, uma curiosa constataçao: o PSDB e o DEM, conhecidos partidos de direitas, conquistou uma importante parte das capitais dos estados do nordeste, reconhecidamente mais pobres e mais inclinados ao PT. Contudo, nao conseguiu se manter ou se impor nas regioes sudeste e sul, em cidades importantes como Sao Paulo (sem dúvidas, um grande triunfo para o PT), Curitiba, Florianópolis e Rio de Janeiro.

Assim, por mais que digam que o PSDB de uma certa maneira se fortaleceu nestas eleiçoes, eu discordo. Houve uma acomodaçao das forças políticas, reflexo de muitos outros fatores, nao só o declínio inegável do PT (ainda que este tenha recebido o maior número de votos no segundo turno em todo o país), mas também o levante de forças tidas como menores ou mais fracas.

Na verdade, e como já foi declarado pelos própios PT e PSDB, ambos necessitam de uma reformulaçao. E isso, na minha opiniao, nao tem direta influencia do julgamento do mensalao, ainda que estou aberta a mudar de idéia se eu ver análises empíricos sobre isso.

Por fim, um caso curioso ocorrido em Macapá: O PSOE, partido de esquerda, conseguiu eleger seu primeiro prefeito de uma capital. O interessante é que o candidato do PSOL (Clécio Luiz) fez aliança com diferentes partidos nanicos e recebeu apoio até do DEM no segundo turno, partido este de direita, o que provocou uma divisão interna na legenda socialista. Contudo, o prefeito eleito manteve seu discurso a favor do "socialismo do século 21", lembrando um pouco a Chávez, ainda que confesse que esta reforma socialista é impossível na atualidade.

Uma última observaçao, que nao me canso de dizer para meus amigos estrangeiros: o nosso sistema de voto eletrônico e o seu tempo de apuraçao dos resultados é um bom exemplo. Já a censura de blogs e de alguns canais de comunicaçao, é algo para se esquecer.


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